sexta-feira, julho 22, 2016

Vivência





Vivência


A vida é como está posta.
Em dezembro 1995 eu senti um grande desconforto durante a noite e quando amanheceu o dia procurei o médico para entender o que se passava.
O diagnóstico foi difícil , estava com o meu coração edemado, muito inchado o Dr.Ruberval (cardiologista que me atendeu) chamou outro médico, solicitou vários exames, me desloquei até São Paulo para realizar os famigerados exames. Todos os resultados foram ruins e confirmou-se o diagnóstico inicial. Fui alertada da gravidade do problema que indicava pouco tempo de vida.
A tristeza foi tão grande que esqueci o carro na Clinica e retornei para casa de ônibus kkkkk, quando em casa minha irmã perguntou cadê o carro? Precisei chamar um taxi e retornar para busca-lo.    A noite foi de terror, guardei os documentos embaixo do colchão da cama e fui pensar e escrever, planejar aquilo que teria de vida e como eu queria continuar sendo feliz até o último respiro.
Estava separada do pai dos meus filhos há alguns anos, liguei e falei que queria concretizar o divórcio , ele foi comigo no Fórum passamos tudo no nome dos meninos com usufruto nosso, não quis nada, não mudei o nome, não quis pensão. Assim eu evitaria um problema para meus filhos quando da minha morte, não haveria partilha e nem confusão .Pedi demissão do Banco do Brasil,  arrumei uma mala com as roupas que eu mais gostava, fechei a casa com tudo lá , deixei meus 03 filhos que já estavam grandes e dirigi  1.013 km até Cuiabá –MT, eles precisavam aprender a conviver com a minha ausência, tudo sem falar em doença porque não gosto de sofrimento antecipado, consternação, vamos morrer com dignidade.
 Já estávamos no inicio de 1997 e nada de eu morrer kkkkkkk, já que estava viva vamos trabalhar e assim iniciei minha vida de Artesã, fui prestar serviço de instrutória para o SENAR-MT
. Nesses últimos 20 anos eu vivi intensamente cada dia como se fosse único.
 Fiz meu primeiro passaporte, morei Alta Floresta, Fortaleza, Cuiabá, Guarantã do Norte, Sinop, andei toda a América do Sul, bati na porta de uma família em Santa Cruz de La Sierra na Bolivia e pedi um menino em casamento, carreguei ele comigo para todo lado, ensinei minha Profissão e desta forma passaram-se 10 anos.
Terminei a aventura casamenteira, e o moço foi ser feliz em outras paragens, sem magoas. Me despedi do SENAR ,dos 205 instrutores que tão bem cuidaram de mim, tentei contar para Pamella que era necessário me mudar e mais uma vez me mudei com uma mala e Note Book
Aqui em Minas vivi muitas vidas, haja vista que ela é Gerais, fiz ENEM, prestei vestibular na UFU e passei, Cursei Letras/Espanhol, nasceram os meus netos, atravessei o Oceano Atlântico para entender como são as praias do Pacifico, criei o Grupo Sinhá Recicla e ainda estou viva, lépida e graciosa, Continuo Feliz
Então não acredite quando te disserem que tudo está perdido, há sempre uma nova manhã quando você acredita que pode . Só Deus sabe quando você parte para sua última viagem.

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